Do portal da Polícia Civil de SP
O Dia do Servidor Público de 2013, comemorado hoje (28), marca também a aposentadoria de um dos ícones vivos da Polícia Civil de São Paulo.
O delegado de polícia e professor da Academia de Polícia Civil, Carlos Alberto Marchi de Queiroz, se despede compulsoriamente após 37 anos dedicados à instituição.
Doutor Queiroz, como é conhecido, iniciou sua carreira jurídica como advogado em 1969, mas em 1976 passou para o concurso de delegado, vocação inspirada desde criança pelo pai que era oficial da antiga Força Pública, hoje Polícia Militar.
Na Polícia Civil passou por vários departamentos, tendo trabalhado em onze distritos policiais, como o 4º DP da Consolação. Só nos plantões da zona Leste da Capital presidiu efetivamente mais de 500 autos de prisão em flagrante.
Depois, trabalhou como assistente da 2ª. Delegacia de Polícia do Degran (atual Decap), foi assistente do diretor da Acadepol de 1991 a 94. Entre 1995 e 96 foi divisionário da Delegacia Geral de Polícia. E até 2002, o primeiro assistente das Delegacias Seccionais do Centro e Oeste.
Em 2002, tendo alcançado o posto de delegado de polícia de classe especial, foi divisionário da Assistência Policial do Departamento de Inteligência (Dipol). Na Corregedoria, ocupou o cargo de titular da Divisão de Processos Administrativos de 2003 a 2007. Finalmente, nos últimos cinco anos, foi titular da Assistência Policial do Departamento de Polícia Judiciária do Interior – Campinas (Deinter 2), ocasião que lhe deu oportunidade de ser diretor em exercício por diversas vezes, incluindo quando esteve na mesma posição no Dipol.
Anos 80
O final da década de 80 foi particularmente marcante na vida profissional desse abnegado delegado de polícia. Em 1988 recebeu o título de mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco. Nesse mesmo ano ganhou uma bolsa para a Japan National Police Agency, em Tóquio, onde especializou-se em Combate ao Narcotráfico.
1988 também foi o ano em que passou no concurso para professor de Inquérito Policial da Academia de Polícia. Interessante ressaltar que, nesses 25 anos, já lecionou para mais de mil autoridades policiais.
Outro grande mérito foi o de tornar-se, em 1987, titular de umas das cadeiras da Academia de Ciências, Letras e Artes da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp).
Escritor e professor
Mestre dedicado exerceu o magistério superior até 2007, quando se aposentou como professor titular de Direito Penal em algumas universidades. Mas não conseguiu ficar afastado dos alunos por muito tempo e, atualmente, voltou às salas de aula para lecionar para os acadêmicos de Direito da Faculdade Policamp em Campinas.
Com diversas obras publicadas, duas se destacam nos meios acadêmicos: “Relaxamento da prisão em flagrante pela autoridade policial” (esgotada) e “Prática do Inquérito Policial”, na 6ª edição.
Entre as obras policiais, outras duas se sobressaem: “História da Polícia Civil do Estado de São Paulo, que conta a história da instituição desde 1532, quando foi implantada por Martim Afonso de Souza, até 2010; e “A Polícia não morre”, que conta a trajetória de vida de 50 delegados de polícia que morreram em ação, de 1888 até 2007.
Não é de se admirar que, com a mente privilegiada para a história, em 2010 foi novamente laureado como professor da Acadepol, desta vez tendo passado em primeiro lugar no concurso para a cadeira de História da Polícia.
Cabe salientar ainda que, desde 1999, coordena um grupo de professores da Acadepol para a realização do Manual de Polícia Judiciária, na sua 6ª edição; e o Manual Operacional de Polícia, na 5ª edição. Ambos os manuais são referências no Brasil, por serem únicos na literatura do gênero, e amplamente utilizados por toda a Polícia Civil de São Paulo, cujos exemplares estão inclusive na biblioteca do Congresso Nacional norte-americano.
Desse legado, o professor Queiroz ressaltou: “levo uma grande experiência profissional que vou divulgar entre meus alunos universitários, para que tenham uma visão realista da Polícia”.
Homenagens
Inúmeros artigos em jornais e revistas, dezenas de obras publicadas, professor querido, profissional exemplar, capacidade de memorização cultural e histórica ímpar, servidor público dedicado, que muitas vezes renunciou sua vida privada em detrimento da instituição, para nomear apenas algumas qualidades e feitos. Agora no final da carreira pública, nada mais justo que o mestre receba o carinho de seus colegas e amigos.
Muitas foram as homenagens de despedida. Uma delas aconteceu no último dia 19, quando o delegado diretor do Deinter 2 – Campinas, Licurgo Nunes Costa, colegas, amigos e familiares ofereceram um jantar de despedida na Sociedade Hípica de Campinas, em que compareceram mais de 150 convidados, dentre eles, o diretor do Demacro, Paulo Afonso Bicudo e delegados seccionais de Campinas, Mogi Guaçu, Bragança Paulista e São João da Boa Vista. Na ocasião, recebeu placas do diretor do Deinter 2 e do seccional de Bragança Paulista pelos serviços prestados à população dessas regiões.
“Nesses 37 anos, testemunhei o avanço técnico, tecnológico e material da instituição e a luta constante da classe, como as conquistas legais constantes das Constituições Federal e Estadual, as leis ordinárias valorizando a figura do delegado de polícia que ainda busca o justo reconhecimento salarial”, disse resumindo o momento.
A ocasião propiciou ainda um agradecimento especial à sua família, valorizando em especial o papel de sua mulher, que supriu suas ausências enquanto se dedicava ao serviço público. E, sintetizou sua despedida com a frase bíblica da segunda carta de Paulo a Timóteo: “Combati o bom combate, completei a carreira e mantive a fé”. As informações são do portal da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
por Rina Ricci
[Foto: Divulgação/PCESP]
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