domingo, 13 de outubro de 2013

Catálogo online exibirá produtos de furto e roubo

 

Projeto da Polícia Civil de Bauru é montar catálogo online de objetos apreendidos e facilitar aos donos sua recuperação

Vitor Oshiro
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Éder Azevedo
Os antigos donos dificilmente reencontram os produtos que estão apreendidos no depósito da CPJ
 
Num fim de semana, o alarme de monitoramento tocou em uma clínica no Altos da Cidade. Pela janela, ladrões entraram e levaram uma televisão e um notebook. O destino desses dois objetos e de tantos outros levados em furtos e roubos em Bauru é uma incógnita. Mesmo quando são recuperados pela polícia, dificilmente voltam para os antigos donos. Para tentar amenizar isso, a Polícia Civil projeta um catálogo virtual de tudo que for recolhido.
 
O catálogo poderá ser acessado via Internet por qualquer um e deve ser atualizado periodicamente pela polícia. Os itens que forem apreendidos serão fotografados e a imagem irá para a página. Lá, quem tiver um objeto roubado e furtado poderá procurar o que foi levado em meio a uma lista. Ao reconhecer o produto, deve procurar a polícia.
 
O delegado Roberval Antônio Fabbro, coordenador da Central de Polícia Judiciária (CPJ), explica que, atualmente, o depósito em que ficam os objetos apreendidos possui desde uma infinidade enorme de bicicletas até aparelhos micro-ondas.
 
“São objetos que são encontrados em biqueiras, por exemplo. Apesar de sabermos da origem ilícita, é muito difícil localizar os antigos donos desses produtos”, afirma o delegado.
 
Ele exemplifica com um caso ocorrido na semana passada. A Polícia Militar (PM) foi acionada após um homem entrar em um terreno com alguns objetos e, no local, encontrou uma televisão.
 
“Apreendemos o produto, porém, será bem difícil saber quem era o dono dessa televisão. Com esse site, fica mais fácil de as pessoas encontrarem esses objetos”.
 
E, além de possibilitar o “reencontro” do item perdido com o proprietário, o catálogo online pode ter outra importante função para a polícia: incriminar o suspeito. “Há vários casos em que um suspeito é encontrado com determinado objeto. Porém, como não conseguimos ligar esse produto a nenhum crime, ele não pode responder, por exemplo, por uma receptação”, complementa Roberval Fabbro.
 
Ainda não há previsão para o projeto ser colocado em prática. O delegado, contudo, acredita que não seja algo demorado. “Estamos terminando a adaptação no nosso novo prédio. Vamos tocar esse projeto agora. Não acreditamos que seja algo difícil de sair do papel”.
 
Celulares
Pela própria popularização do aparelho, um produto muito visado por criminosos é o celular. Segundo a polícia, a maior parte dos que são furtados ou roubados vira moeda de troca no tráfico de drogas.
“A questão dos celulares é algo difícil de resolver até com o catálogo online. Há uma quantidade muito grande de celulares e a pessoa terá dificuldades em reconhecer qual é o dela por meio de uma foto”, explica o delegado Roberval Fabbro.
Quem reconhecer o aparelho apreendido, porém, deve provar isso para a polícia. E as únicas maneiras são a nota fiscal ou o International Mobile Equipment Identity (Imei), que é o número de série do telefone.
 
Tem que provar
Mas como a polícia irá se prevenir na má-fé das pessoas? Como garantir que muitos não irão até a CPJ dizendo que reconheceram o objeto de outrem como sendo seu? De acordo com o coordenador Roberval Fabbro, a pessoa vai precisar provar que o produto do catálogo é realmente dela.
“A comprovação mais precisa é mesmo a apresentação da nota fiscal do produto. Por isso, é muito importante que todo mundo guarde sempre as notas”, explica.
Ele, entretanto, sabe que esse é um hábito pouco comum da população. Então, recomenda que, pelo menos o número de série do aparelho adquirido seja sempre anotado. “Isso é fundamental. Se a pessoa souber o número de série, ela passa quando fizer o boletim de ocorrência (BO) e já fica no sistema”.
Quem não tiver qualquer documento que faça a comprovação da propriedade precisará mostrar de outra forma que é o dono do aparelho. O delegado Fabbro explica que isso varia de situação para situação. “A pessoa pode apontar uma marcação no aparelho ou algo do tipo”, conclui o coordenador da CPJ.
 
Pela Internet, homem encontrou a moto furtada sendo vendida em redes sociais
Se o catálogo online da Polícia Civil ainda não tem prazo para entrar em funcionamento, um homem de 34 anos conta que já usou a Internet para achar sua moto furtada no dia 22 de agosto. Ele encontrou a motocicleta sendo vendida nas redes sociais.
Fábio Antônio de Oliveira, porém, afirma que a polícia não conseguiu localizar o veículo dele até agora.
“No dia 3 de setembro, vi minha moto, uma XT-600, sendo vendida pela Internet. Tenho certeza que é ela. Em Bauru, só existe a minha deste modelo. Entrei em contato com homem que estava vendendo e ele até me confessou que a moto estava com o chassi raspado e não tinha documento”, conta.
 
Avaliada em R$ 11 mil, a motocicleta estava sendo oferecida por R$ 2,5 mil à vista e R$ 3,5 mil a prazo. “Esta semana, ele me disse que já tinha vendido. Eu passei todos os dados que consegui para a polícia, mas, até agora, nada foi feito”, critica Fábio de Oliveira.
O delegado Roberval Fabbro explica que o caso está sendo investigado. “O local em que a moto está é uma zona rural, o que dificulta a localização. Já fomos a um endereço e não achamos. Mas estamos investigando”, conclui.

Diariamente, roubos e furtos deixam 18 vítimas em Bauru
Quando o projeto for colocado em prática não devem faltar produtos de roubos e furtos para atualizar a lista. Não há dados da quantidade de produtos recuperados pela polícia, porém, o volume daqueles que são levados é grande.
 
Os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP) mostram que, no período compreendido entre janeiro e agosto, foram 687 roubos e 3.655 furtos. Uma média de 18 casos diários das duas ocorrências.
 
Apesar disso, conforme o JC publicou recentemente, o volume desses crimes diminuiu no último ano. A estatística da SSP mostra que, no mesmo período de 2012, foram registrados 740 roubos e 4.169 furtos. 

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