MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
DO RIO
A 18 dias do início da Copa das Confederações, Forças Armadas e Polícia Federal travam uma disputa pelo controle do órgão que chefiará a segurança pública nos grandes eventos que o país sediará.
Com a saída no início do mês do delegado federal Valdinho Caetano da chefia da Secretaria Extraordinária dos Grandes Eventos, militares pressionam para que o órgão, hoje vinculado ao Ministério da Justiça, seja transferido para a Defesa.
Caso isso não ocorra, há expectativa de que, ao menos, um militar seja indicado para o posto.
A secretaria cuidará, além da Copa das Confederações, de eventos como a Jornada Mundial da Juventude, da Igreja Católica, em julho.
Ricardo Moraes/Reuters | ||
Em preparação para a Copa das Confederações, Exército simula confronto com manifestantes em frente ao Maracanã |
Ontem as Forças Armadas realizaram em diferentes pontos do Rio um treinamento para exibir novos equipamentos. Apesar das assessorias dos ministérios da Justiça e da Defesa dizerem há meses que "cada área atua em sinergia", militares e policiais dizem que isso não acontece, de fato. Pelo contrário.
Anteontem, a Vila Militar, na zona oeste do Rio, foi palco de mais um capítulo da disputa. O local recebeu integrantes das forças de segurança envolvidos nos dois grandes eventos --Copa das Confederações e Jornada. Apenas a PF não mandou representantes no encontro.
Um militar do Exército disse acreditar, ainda no palanque montado para as autoridades, que até o início dos eventos as arestas entre Forças Armadas e Polícia Federal "serão acertadas".
O general José Alberto Abreu, coordenador da segurança da Jornada Mundial da Juventude, preferiu colocar panos quentes no caso.
"Temos plena confiança de que a Sesge [Secretaria de Grandes Eventos] coordenará bem e que não haverá necessidade de auxílio do Exército", disse anteontem.
O delegado federal Valdinho Caetano resolveu abandonar o cargo por se sentir desprestigiado. Ele reclamou que todos os investimentos vinham sendo feitos nas Forças Armadas em detrimento da Polícia Federal.
A secretaria, por exemplo, teve verba autorizada de R$ 643 milhões em 2012, mas só desembolsou R$ 105,7 milhões para a aquisição de equipamentos para a PF.
Além disso, integrantes da corporação dizem que o ministro Celso Amorim (Defesa) age nos bastidores para aumentar a influência no governo.
Em uma audiência pública, no Senado, no dia 9, Amorim defendeu a ideia de que um militar ocupe a secretaria de grandes eventos.
Na mesma ocasião, ele lembrou o desejo de que o orçamento das Forças Armadas passe de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para 2%.
DEMONSTRAÇÃO
Ontem o Exército, a Marinha e a Aeronáutica mostraram os equipamentos obtidos para os eventos.
A Aeronáutica simulou a interceptação de um voo, enquanto a Marinha realizou ações no litoral do Rio.
Em público, nenhum policial comenta, mas nos bastidores eles dizem que a falta de prestígio vem desde a greve da PF no ano passado.
Segundo eles, a forma que o movimento foi conduzido desagradou a presidente Dilma Rousseff.
Fonte: folha online
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