ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
O governo de São Paulo vai pagar um bônus semestral de até R$ 10 mil para os
policiais de todo o Estado que conseguirem reduzir os índices de criminalidade
nas suas áreas.
O pagamento começará a ser feito em 2014 --a partir dos resultados medidos no
segundo semestre deste ano.
A medida é parte de um pacote que será anunciado hoje pelo governador Geraldo
Alckmin (PSDB) contra a alta de indicadores de violência.
O policial de uma unidade que cumprir todas as metas de redução de
criminalidade propostas para a sua área receberá um bônus de até R$ 4.000
--independentemente do salário de cada profissional.
Esse valor poderá chegar a R$ 10 mil com uma premiação extra para 10% dos
policiais mais bem avaliados, tanto da Polícia Militar como da Polícia Civil e
da Científica.
Os critérios de avaliação serão anunciados nos próximos dias. Hoje, Alckmin
deve anunciar a assinatura de um convênio com o Instituto Sou da Paz --que
contratará uma consultoria para apresentar as metas a serem atingidas em cada
região.
O que está definido é que cada área terá um índice próprio. Assim, os
policiais de Higienópolis (na região central), por exemplo, terão metas
diferentes dos de Taboão da Serra (na Grande SP).
Inicialmente, serão avaliados os seguintes indicadores: homicídios dolosos
(com intenção), latrocínio (roubo seguido de morte), roubo em geral, furto e
roubo de veículos.
Mas não está descartada a inclusão de outros --como sobre a letalidade
policial.
Para Luís Sapori, ex-secretário de Segurança Pública de Minas Gerais que
participou da implantação de um sistema de bônus a policiais naquele Estado, há
pontos positivos e negativos na medida.
Por um lado, diz, trata-se da criação de um incentivo que costuma dar bons
resultados na iniciativa privada.
Mas ele ressalva que a premiação por grupos pode criar rivalidade entre os policiais.
Mas ele ressalva que a premiação por grupos pode criar rivalidade entre os policiais.
"Isso pode criar um competitividade muito perniciosa e evitar até a
cooperação, troca de informações", afirmou.
"O risco é a manipulação de estatísticas para atingir as metas", disse ele,
defensor de um bônus para a polícia inteira --como ocorreu em Minas.
"É extremamente positivo que se comece essa cultura [de avaliação]. Precisa
ter uma auditoria permanente dos dados para que homicídio não vire encontro de
cadáver", disse o sociólogo Cláudio Beato.
O governo diz que haverá um acompanhamento externo permanente dos dados.
A presidente da Associação dos Delegados de São Paulo, Marilda Pinheiro,
questiona a iniciativa.
"Vão premiar o policial para cumprir sua obrigação. Acho um absurdo. Não
trabalhamos por produção", diz.
Ela também afirma temer pela maquiagem de estatísticas e defende reajuste dos
salários, em vez de bônus.
CARGOS
Além do bônus, o governo deverá anunciar a criação de 4.600 novos cargos para
a Polícia Civil --dos quais 1.800 serão para a Científica.
A polícia também fará uma reformulação de órgãos responsáveis por
investigações.
O Estado e a capital paulista registraram elevação dos homicídios durante
oito meses consecutivos. Alckmin disse que os indicadores de abril (que ainda
serão divulgados) apontarão queda.
Editoria de arte/Folhapress
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