quarta-feira, 15 de maio de 2013

Polícia Civil: uma Polícia Injustiçada


Eu sei que elogiar a Polícia, no Brasil, é um exercício de risco. Ainda mais elogiar a Polícia Civil, que não recebe o devido (e merecido) tratamento da administração pública, tampouco o mesmo "glamour" da imprensa, relativamente às outras forças policiais brasileiras.
 
Mas eu, depois de 16 anos de experiência na Justiça Criminal, como Juiz de Direito, sou "contramajoritário", isto é, nado contra a corrente, em muitas questões de Segurança Pública. Por exemplo, defendo a redução da idade penal, o fim do limite de 30 anos das penas criminais, o fim do sistema de progressão de penas, o fim do auxílio-reclusão e, agora, também sou contra este programa estadual que vem sendo apelidado de "bolsa-crack". E, ainda, tenho um enorme apreço pela Polícia Civil de SP, que reputo uma polícia "excelente".
 
E, no Brasil, virou mania, antes de elogiar uma Instituição, começar dizendo que ela tem falhas, desvios e, depois, passar às qualidades. Erro. A Polícia Civil de SP não é pior que outras, em seus defeitos, mas é muito mais desvalorizada, não reconhecida, em suas qualidades; e nelas, até injustiçada.
 
Por exemplo. Sexta-feira, dia 10, numa só tacada, a Polícia Civil de SP mandou para a cadeia quase 3 mil foras-da-lei, entre eles, autores de assassinatos, de latrocínio (roubo seguido de morte) e de assaltos.
 
Segundo o Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo, Luiz Maurício Blazeck, ainda, 384 adolescentes foram apreendidos durante a operação, 237 deles em flagrante. Também foram apreendidos 424 veículos, 111 armas de fogo, 91 quilos de maconha, 48 quilos de cocaína, 15 quilos de crack e 123 veículos foram recuperados. Repita-se: tudo isso, em um dia.
 
Porém, um trabalho um como este não é divulgado no Fantástico, não ganha as capas dos jornais.
 
Algumas linhas, aqui e ali. Aliás, o Fantástico, da Rede Globo, deu ampla cobertura, extremamente negativa, domingo passado, a uma ação da Polícia Civil do RJ que acabou na morte de um perigoso traficante. Isto mesmo! O traficante enfrenta a Polícia, morre, nenhum cidadão é atingido, mas a Polícia Civil estava errada porque a ação, por helicóptero, foi arriscada (como se atividade policial fosse fácil e tranqüila em sua essência).
 
Enfim, se a força do hábito forja a personalidade das pessoas, o Juiz tem este cacoete de tentar medir as coisas com a régua da justiça. E por esta medida, não só para mim, mas para muitos Juízes que eu conheço, nós devemos muito a esta preciosa corporação: a Polícia Civil.
 
Dr. Evandro Pelarin – Juiz de Direito.

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