FERNANDO GALLO - Agência Estado
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou uma resolução para permitir aos
servidores a venda integral da licença-prêmio, uma manobra que pode custar aos
cofres do Legislativo paulista um custo adicional de R$ 1,5 milhão por ano.
Especialistas em direito administrativo afirmam que a Casa tornou possível o
desvirtuamento completo do benefício, uma vez que ele foi criado para ser fruído
como descanso, e não recebido como dinheiro.
Instituída pelo Estatuto do Funcionalismo Público do Estado de São Paulo em
1968, a licença-prêmio é um benefício de 90 dias de licença a cada cinco anos
trabalhados pelo servidor. Alterações na legislação estadual, contudo, foram
permitindo que parte da licença fosse recebida em dinheiro. Na Assembleia, desde
2009 e até a mudança, feita em junho, os servidores podiam vender até 60 dos 90
dias. A partir do ano que vem poderão vender o período completo de 90 dias.
No funcionalismo federal, a licença-prêmio foi extinta em 1997 durante uma
reforma administrativa promovida pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso. No Executivo paulista, a licença-prêmio só pode ser vendida por algumas
carreiras, como policiais e professores - casos em que a substituição é mais
difícil. No Poder Judiciário estadual, como na Assembleia, a prática da venda da
licença-prêmio é disseminada.
Em situações semelhantes, pelo País afora, a licença-prêmio somente pode ser
paga em dinheiro em casos como aposentadoria ou exoneração. Em muitos casos, no
entanto, o benefício foi inteiramente desvirtuado. Não raro, servidores optam
por acumular as licenças-prêmio para recebê-las anos depois em dinheiro, quando
já ganham salários muito maiores do que os que recebiam quando obtiveram o
direito ao benefício. Ou seja, na prática recebem valores muito maiores do que
aqueles a que tinham direito originalmente.
A mudança que permitiu a venda integral da licença-prêmio no Legislativo foi
proposta no dia 11 de junho pela Mesa Diretora, composta pelo presidente, Samuel
Moreira (PSDB), pelo 1º secretário, Ênio Tatto (PT), e pelo 2º secretário, Edmir
Chedid (DEM). Tramitou em ritmo relâmpago e foi aprovada por unanimidade pelo
plenário dois dias depois, em 13 de junho, tornando-se a resolução 889/2013.
Em 2012, a Assembleia gastou R$ 7,2 milhões referentes a licença-prêmio com o
pagamento a 620 servidores ativos. No ano anterior, o valor tinha sido de R$ 5,9
milhões, para 598 funcionários. O Orçamento total do Legislativo paulista para
2013 é de R$ 844 milhões. A Casa diz que a mudança feita agora pode beneficiar
até 300 servidores por ano. Em 2014, mais 527 funcionários estarão aptos a
requerer o pagamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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