FERNANDA ODILLA
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
O Senado decidiu discutir um tema polêmico e longe de ser consenso dentro e
fora do Congresso: a redução da maioridade penal.
Reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça marcada para
hoje dá início à votação de seis emendas à Constituição que reduzem a idade para
imputação de punição.
Apenas uma ganhou parecer favorável. Trata-se da proposta que prevê a redução
para 16 anos em casos específicos, como crimes inafiançáveis (tortura,
terrorismo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e crimes hediondos)
ou reincidência, desde que haja parecer do promotor da infância e autorização da
Justiça.
Há, contudo, sugestões mais radicais, como a que considera penalmente
imputáveis os maiores de 13 anos em caso de crimes hediondos; ou proposta que,
além reduzir a maioridade para 16 anos, torna o voto obrigatório para a mesma
idade.
É a primeira vez que o Senado discute o tema nessa legislatura. Chama a
atenção que a reunião para deliberar sobre a redução da maioridade penal foi
marcada sem nenhum caso recente de clamor popular, que normalmente acelera o
trâmite de propostas polêmicas como essa no Congresso.
Em abril, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), encaminhou ao
Congresso projeto para elevar de três para até oito anos a punição a jovens que
cometem delitos graves. Isso ocorreu depois que um estudante foi morto na
capital do Estado por um adolescente apreendido um dia antes de completar 18
anos.
Hoje, um adolescente que comete crime pode ficar internado por, no máximo,
três anos e até os 21 anos. O crime não fica registrado nos antecedentes do
jovem.
Não há acordo para mudar essas regras. Não só o governo como o PT defendem
manter a maioridade como é hoje, a partir dos 18 anos.
"Não acredito em consenso, o debate vai ser acalorado", prevê o senador
Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relator das seis PECs (Propostas de Emenda à
Constituição) que tramitam em bloco no Senado. Ferraço abraçou a proposta que
considera mais "razoável e equilibrada".
A única proposta que ganhou parecer positivo foi apresentada pelo senador
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que se prepara para defendê-la hoje na
reunião. "É polêmica, sem dúvida. Mas é exequível. Além de preservar a regra
geral, prevê a redução apenas para casos especiais com posicionamento explícito
do promotor e do juiz", explica.
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