DHIEGO MAIA
LEANDRO MACHADO
DE SÃO PAULO
LEANDRO MACHADO
DE SÃO PAULO
Polícia Civil decidiu identificar, fotografar e cadastrar dados de 65
pessoas suspeitas de atuar como "black blocs" em protestos que resultaram em
depredação e vandalismo em São Paulo.
A intenção é reunir provas contra essas pessoas para processá-las e, no
limite, obter autorização na Justiça para que elas não participem de futuras
manifestações.
Segundo a polícia, os 65, entre os quais nove adolescentes, negaram adotar a
tática "black bloc", que defende o dano ao patrimônio como forma de protesto.
A polícia chegou aos 65 porque eles já haviam sido detidos durante protestos
anteriores. Mas não conseguiu provar o que cada um fez --e, por isso, os
liberou.
Agora, para reunir provas, a atuação se dará em duas frentes. Primeiro, as
fotos dos "fichados" serão comparadas ao banco de dados da Polícia Militar com
imagens dos protestos, para checar se alguém aparece em algum ato criminoso.
Depois, a polícia pretende monitorar futuras manifestações para saber o papel
dessas pessoas.
Wagner Giudice, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações
Criminais), disse que a ideia é usar a mesma "arma" do movimento "black bloc":
as redes sociais.
"Primeiro, a gente vai precisar provar que o integrante vai participar do
protesto pela internet. Depois, ele será notificado a comparecer na delegacia
duas horas antes [do protesto] e só vai sair de lá duas horas depois, como
ocorre com torcidas organizadas", disse.
DEPOIMENTO
A investigação da polícia, que já dura 29 dias, quer saber se o grupo é
financiado por algum partido político ou organização sindical.
Alguns suspeitos disseram que sim, mas não informaram quais são as entidades
nem se há auxílio financeiro.
Outras 15 pessoas não prestaram depoimento ontem e serão novamente
notificadas. Ao todo, a polícia quer ouvir mais 200 suspeitos.
O publicitário Alexandre Morgado, 30, falou à polícia por cerca de 40
minutos. Ele afirmou que foi detido em um protesto em 15 de outubro. Disse ser
socorrista do Grupo de Apoio aos Protestos Populares.
"Fazemos apenas o primeiro atendimento antes de o Samu chegar. Não sou 'black
bloc' nem a favor da depredação do patrimônio", disse.
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