Solução de conflitos Ferramentas recentes da
Justiça brasileira, a mediação e a conciliação oferecem ao cidadão uma
possibilidade mais ágil e barata para solucionar conflitos
Sobrecarregado,
o Judiciário Brasileiro é lento e insuficiente. O número de processos em
andamento no país cresceu de 2010 para 2011, 8,8%, chegando a 90 milhões de
casos. Os dados, evidenciados no levantamento Justiça em Números, do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), mostram que, apesar do aumento no volume de causas
resolvidas — 26 milhões de processos foram concluídos, um aumento de 7,4% em
relação ao ano anterior —, o volume de ações nos tribunais não diminuiu devido
ao crescimento da demanda. Só no Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça
(TJ) acumula 24 milhões de processos sem solução. Em Ribeirão Preto , o
último levantamento, de outubro de 2012, apontou que há mais de 58 mil ações em
andamento.
Para desafogar a justiça brasileira, o CNJ publicou, em novembro de2010, a Resolução 125, que
instituiu a Política Judiciária Nacional de tratamento de conflitos. Na
Resolução, ficaram estabelecidas as atribuições dos Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), que já possui três unidades em Ribeirão Preto. Apesar
de recente no Brasil, este modelo é comum em diversos países. Na Argentina, por
exemplo, a conciliação existe como ferramenta obrigatória desde 1996. No país
vizinho, os adolescentes entram em contato com a matéria ainda no ginásio,
garantindo, assim, que o tema faça parte da cultura nacional. França e Japão
também são exemplos da utilização eficaz
desta ferramenta. Com um modelo próprio, os Estados Unidos também buscam
solucionar diversas causas de forma ágil e participativa.
Resultantes de parcerias com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), com o Centro Universitário Barão de Mauá e com o Centro Universitário UniSEB, essas instituições são responsáveis pelo atendimento aos cidadãos que, enfrentando conflitos de interesses, buscam um acordo com a parte contrária sem ingressar com um processo na Justiça. “Nos Cejusc, são atendidos os casos pré-processuais, ou seja, aqueles em que nenhuma das partes ingressou com uma ação na Justiça”, explica o juiz Guacy Sibille Leite, coordenador dos Cejusc do município desde 2008 e também responsável pela 3ª Vara Criminal de Ribeirão Preto.
De acordo com o juiz, que desde 1999 atuaem Ribeirão Preto na
11ª Vara Cível, não há diferença legal entre a ação processual e a
pré-processual. Por isso, em breve, a tentativa de conciliação será imediata e
obrigatória. “Essa mudança depende da alteração do Código de Processo Civil,
que já foi amplamente discutido e deve entrar em vigor assim que os processos
se tornarem digitais, a partir de 2014” ,
antecipa o magistrado. A digitalização será um passo importante na
operacionalização do judiciário, já
que não será necessário transportar grandes quantidades de papéis e as tratativas poderão ser feitas fora do Fórum. Com isso, pretende-se agilizar a solução de conflitos de forma simplificada, tirando muitos processos das prateleiras do judiciário.
Simples e rápido
Para desafogar a justiça brasileira, o CNJ publicou, em novembro de
Resultantes de parcerias com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), com o Centro Universitário Barão de Mauá e com o Centro Universitário UniSEB, essas instituições são responsáveis pelo atendimento aos cidadãos que, enfrentando conflitos de interesses, buscam um acordo com a parte contrária sem ingressar com um processo na Justiça. “Nos Cejusc, são atendidos os casos pré-processuais, ou seja, aqueles em que nenhuma das partes ingressou com uma ação na Justiça”, explica o juiz Guacy Sibille Leite, coordenador dos Cejusc do município desde 2008 e também responsável pela 3ª Vara Criminal de Ribeirão Preto.
De acordo com o juiz, que desde 1999 atua
que não será necessário transportar grandes quantidades de papéis e as tratativas poderão ser feitas fora do Fórum. Com isso, pretende-se agilizar a solução de conflitos de forma simplificada, tirando muitos processos das prateleiras do judiciário.

Recentes, os Cejusc recebem, em média, 16 pedidos de conciliação por dia, com
um índice de sucesso próximo aos 90% em determinadas áreas. Entre os casos mais
comuns, estão as discussões pertinentes ao Código do Consumidor, além de causas
relativas à área da família. “Ainda há muito espaço para expandir o
atendimento, o que, sem dúvida, representará grande economia de tempo e
de dinheiro à Justiça Brasileira”, garante
Ademir Triga, advogado e conciliador do Cejusc da Nova Ribeirânia. Segundo o
especialista, as solicitações de conciliação podem ser feitas diretamente pelo
cidadão, sem a necessidade de um advogado. Em média, as audiências são
agendadas em menos de um mês. Feito o acordo, em poucos dias, o caso está
solucionado e homologado pelo juiz responsável, depois de sua verificação,
dando ao resultado valor de sentença e garantindo, assim, o encerramento da
questão.
Dessa forma, evita-se, também, um outro grande entrave da Justiça no país: o recurso, que possibilita, em várias instâncias, abertura de novas discussões sobre o mesmo caso.
Não é só o sistema judiciário que ganha com a popularização da conciliação. O cidadão que escolhe a alternativa é o principal beneficiado, pois também economiza tempo e recursos financeiros. As partes envolvidas solucionam o problema rapidamente sem precisar de advogados, de produção de provas, de testemunhas, entre outras exigências do processo convencional. Outra vantagem do indivíduo que opta pelo acordo é a possibilidade de participar ativamente da composição do melhor desfecho para o seu problema. “Buscamos garantir ao cidadão mais do que a solução do caso, mas também a satisfação com o resultado”, avalia o conciliador Ademir.
Para que o serviço possa ser ampliado, o Conselho Nacional de Justiça e os demais órgãos desse segmento vem habilitando os profissionais interessados. Para ser um conciliador, não é preciso atuar no Direito. “É claro que a familiaridade com a área é desejável, mas esta não é uma exigência”, informa o juiz. Assim como qualquer servidor dos Cejusc, é preciso cumprir a formação mínima prevista pelo CNJ. Dos três módulos definidos pela entidade, os conciliadores devem cumprir os dois primeiros. Já o mediador precisa seguir até o final do curso antes de passar por um estágio supervisionado, o que garantirá a obtenção de um certificado. Todas essas informações estão disponíveis no site do CNJ (www.cnj.jus.br). Nesses módulos, são ensinadas técnicas adequadas à promoção do entendimento entre as partes. Algumas características, como a imparcialidade, a neutralidade, o sigilo, a sensibilidade e a simplicidade na linguagem, não podem faltar a esse profissional.
Conforme esclarece o delegado Jorge Cury Neto, a diferença entre conciliação e mediação é sutil. Simplificadamente, na mediação, a dificuldade do caso geralmente ocorre devido a questões emocionais envolvidas, enquanto na conciliação as partes apresentam apenas um problema pontual, sem histórico ou relacionamento anterior. Além disso, a mediação costuma ser apenas uma assistência à negociação direta entre as partes, enquanto a conciliação exige um pouco mais de interferência. No entanto, pode-se dizer que ambas as ferramentas têm a mesma natureza, a da autocomposição entre as partes, recebendo, inclusive, a mesma definição em outros países.
Cidadania
Por determinação da Resolução125,
a cidadania está inserida nesse trabalho. O
departamento, coordenado por Maria Carolina Lellis, assessora todas as unidades
em funcionamento em
Ribeirão Preto. O setor executa o trabalho psicossocial que
acompanha o atendimento jurídico. “Nosso departamento é acionado conforme o
surgimento da demanda. Geralmente, o conciliador percebe a necessidade de uma
interferência”, explica Maria Carolina.
Integrado à administração municipal, o setor de Cidadania pode encaminhar as demandas de longo prazo à rede de serviços de Ribeirão Preto. “É o caso, por exemplo, da necessidade de uma creche para a criança de um caso de pensão ou um atendimento psicológico contínuo a um cidadão em processo depressivo”, exemplifica a psicóloga Nádia Bonardi. O setor também deve ser ampliado. Para isso, as três universidades envolvidas já foram convidadas a inserir os cursos de Assistência Social e Psicologia no Cejusc — por enquanto, só os alunos de Direito participam.
Dessa forma, evita-se, também, um outro grande entrave da Justiça no país: o recurso, que possibilita, em várias instâncias, abertura de novas discussões sobre o mesmo caso.
Não é só o sistema judiciário que ganha com a popularização da conciliação. O cidadão que escolhe a alternativa é o principal beneficiado, pois também economiza tempo e recursos financeiros. As partes envolvidas solucionam o problema rapidamente sem precisar de advogados, de produção de provas, de testemunhas, entre outras exigências do processo convencional. Outra vantagem do indivíduo que opta pelo acordo é a possibilidade de participar ativamente da composição do melhor desfecho para o seu problema. “Buscamos garantir ao cidadão mais do que a solução do caso, mas também a satisfação com o resultado”, avalia o conciliador Ademir.
Para que o serviço possa ser ampliado, o Conselho Nacional de Justiça e os demais órgãos desse segmento vem habilitando os profissionais interessados. Para ser um conciliador, não é preciso atuar no Direito. “É claro que a familiaridade com a área é desejável, mas esta não é uma exigência”, informa o juiz. Assim como qualquer servidor dos Cejusc, é preciso cumprir a formação mínima prevista pelo CNJ. Dos três módulos definidos pela entidade, os conciliadores devem cumprir os dois primeiros. Já o mediador precisa seguir até o final do curso antes de passar por um estágio supervisionado, o que garantirá a obtenção de um certificado. Todas essas informações estão disponíveis no site do CNJ (www.cnj.jus.br). Nesses módulos, são ensinadas técnicas adequadas à promoção do entendimento entre as partes. Algumas características, como a imparcialidade, a neutralidade, o sigilo, a sensibilidade e a simplicidade na linguagem, não podem faltar a esse profissional.
Conforme esclarece o delegado Jorge Cury Neto, a diferença entre conciliação e mediação é sutil. Simplificadamente, na mediação, a dificuldade do caso geralmente ocorre devido a questões emocionais envolvidas, enquanto na conciliação as partes apresentam apenas um problema pontual, sem histórico ou relacionamento anterior. Além disso, a mediação costuma ser apenas uma assistência à negociação direta entre as partes, enquanto a conciliação exige um pouco mais de interferência. No entanto, pode-se dizer que ambas as ferramentas têm a mesma natureza, a da autocomposição entre as partes, recebendo, inclusive, a mesma definição em outros países.
Cidadania
Por determinação da Resolução
Integrado à administração municipal, o setor de Cidadania pode encaminhar as demandas de longo prazo à rede de serviços de Ribeirão Preto. “É o caso, por exemplo, da necessidade de uma creche para a criança de um caso de pensão ou um atendimento psicológico contínuo a um cidadão em processo depressivo”, exemplifica a psicóloga Nádia Bonardi. O setor também deve ser ampliado. Para isso, as três universidades envolvidas já foram convidadas a inserir os cursos de Assistência Social e Psicologia no Cejusc — por enquanto, só os alunos de Direito participam.
Novo
prédio
Graças à doação de um prédio do Governo do Estado de São Paulo, o Cejusc deve ganhar uma nova unidade já em 2013. Localizado no centro — na rua Américo Brasiliense, 401 —, o novo Cejusc será instalado em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para o novo espaço, estão sendo compostas outras parcerias, ampliando as possibilidades de prestação de serviços à população. Até o momento, 21 instituições manifestaram interesse em integrar o Centro Judiciário, inclusive a Justiça Federal, o que permitiria a solução de uma ampla lista de questões de interesse da população — discussões sobre o INSS, por exemplo, poderiam ser resolvidas no próprio Cejusc. Órgãos municipais, como DAERP e TRANSERP, secretarias, como de Saúde e da Fazenda, entre outros, estão na lista de prováveis parceiros do próximo Centro Judiciário. “Para que o prédio possa funcionar, algumas reformas e instalações, especialmente por parte da Prefeitura, são necessárias. Mas acredito que, no próximo ano, esse novo endereço estará à disposição da população”, afirma Guacy Leite, destacando, ainda, parcerias com Defensoria Pública, OAB, Ministério Público, Procon, Hemocentro, Polícia Militar, Necrim, Delegacia Seccional (RG/ BO), Cartório de Registro Civil, Cohab, CDHU, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Novo prédio
Graças à doação de um prédio do Governo do Estado de São Paulo, o Cejusc deve ganhar uma nova unidade já em 2013. Localizado no centro — na rua Américo Brasiliense, 401 —, o novo Cejusc será instalado em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para o novo espaço, estão sendo compostas outras parcerias, ampliando as possibilidades de prestação de serviços à população. Até o momento, 21 instituições manifestaram interesse em integrar o Centro Judiciário, inclusive a Justiça Federal, o que permitiria a solução de uma ampla lista de questões de interesse da população — discussões sobre o INSS, por exemplo, poderiam ser resolvidas no próprio Cejusc. Órgãos municipais, como DAERP e TRANSERP, secretarias, como de Saúde e da Fazenda, entre outros, estão na lista de prováveis parceiros do próximo Centro Judiciário. “Para que o prédio possa funcionar, algumas reformas e instalações, especialmente por parte da Prefeitura, são necessárias. Mas acredito que, no próximo ano, esse novo endereço estará à disposição da população”, afirma Guacy Leite, destacando, ainda, parcerias com Defensoria Pública, OAB, Ministério Público, Procon, Hemocentro, Polícia Militar, Necrim, Delegacia Seccional (RG/ BO), Cartório de Registro Civil, Cohab, CDHU, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Graças à doação de um prédio do Governo do Estado de São Paulo, o Cejusc deve ganhar uma nova unidade já em 2013. Localizado no centro — na rua Américo Brasiliense, 401 —, o novo Cejusc será instalado em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para o novo espaço, estão sendo compostas outras parcerias, ampliando as possibilidades de prestação de serviços à população. Até o momento, 21 instituições manifestaram interesse em integrar o Centro Judiciário, inclusive a Justiça Federal, o que permitiria a solução de uma ampla lista de questões de interesse da população — discussões sobre o INSS, por exemplo, poderiam ser resolvidas no próprio Cejusc. Órgãos municipais, como DAERP e TRANSERP, secretarias, como de Saúde e da Fazenda, entre outros, estão na lista de prováveis parceiros do próximo Centro Judiciário. “Para que o prédio possa funcionar, algumas reformas e instalações, especialmente por parte da Prefeitura, são necessárias. Mas acredito que, no próximo ano, esse novo endereço estará à disposição da população”, afirma Guacy Leite, destacando, ainda, parcerias com Defensoria Pública, OAB, Ministério Público, Procon, Hemocentro, Polícia Militar, Necrim, Delegacia Seccional (RG/ BO), Cartório de Registro Civil, Cohab, CDHU, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Novo prédio
Graças à doação de um prédio do Governo do Estado de São Paulo, o Cejusc deve ganhar uma nova unidade já em 2013. Localizado no centro — na rua Américo Brasiliense, 401 —, o novo Cejusc será instalado em parceria com a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para o novo espaço, estão sendo compostas outras parcerias, ampliando as possibilidades de prestação de serviços à população. Até o momento, 21 instituições manifestaram interesse em integrar o Centro Judiciário, inclusive a Justiça Federal, o que permitiria a solução de uma ampla lista de questões de interesse da população — discussões sobre o INSS, por exemplo, poderiam ser resolvidas no próprio Cejusc. Órgãos municipais, como DAERP e TRANSERP, secretarias, como de Saúde e da Fazenda, entre outros, estão na lista de prováveis parceiros do próximo Centro Judiciário. “Para que o prédio possa funcionar, algumas reformas e instalações, especialmente por parte da Prefeitura, são necessárias. Mas acredito que, no próximo ano, esse novo endereço estará à disposição da população”, afirma Guacy Leite, destacando, ainda, parcerias com Defensoria Pública, OAB, Ministério Público, Procon, Hemocentro, Polícia Militar, Necrim, Delegacia Seccional (RG/ BO), Cartório de Registro Civil, Cohab, CDHU, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Texto: Luiza Meirelles
Fotos: Carolina Alves
* Publicado em 13/12/2012
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