Delegado geral quer
polícia atendendo e investigando bem
Mainary Nascimento
Carlos José Paschoal de Toledo foi escolhido em janeiro de 2011 como diretor do Decap
Quando as mudanças no
Decap começaram, o delegado geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, já
sabia o que esperar. Da escolha do diretor às metas que deveriam ser atingidas,
ele participou ativamente. Hoje, considera-se satisfeito mas diz que é preciso
avançar, tornando a polícia ainda mais dinâmica e eficiente. Na concepção de Carneiro,
a Polícia Civil precisa se basear em um binômio: atender bem ao cidadão e
realizar uma investigação de qualidade impecável. O Portal da SSP conversou com
o delegado geral a respeito das mudanças positivas realizadas no departamento
que comanda as delegacias da Capital. Leia a entrevista.
Portal da SSP: Por
que o atual diretor do Decap, Carlos José Paschoal de Toledo, foi escolhido
para realizar mudanças no departamento?
Marcos Carneiro: O delegado Carlos José Paschoal de Toledo foi escolhido por diversos critérios técnicos mas, principalmente, pelo caráter e perfil de profissional sério, comprometido com a coisa pública. A questão do Decap, na verdade, foi um referencial, porque o assunto é uma questão maior que atinge toda a Polícia Civil.
Marcos Carneiro: O delegado Carlos José Paschoal de Toledo foi escolhido por diversos critérios técnicos mas, principalmente, pelo caráter e perfil de profissional sério, comprometido com a coisa pública. A questão do Decap, na verdade, foi um referencial, porque o assunto é uma questão maior que atinge toda a Polícia Civil.
No mundo inteiro, a
segurança pública é tratada sob dois aspectos principais. Primeiro, uma polícia
que patrulha, que é ostensiva e previne. Segundo, uma polícia que, após o crime
ocorrido, investiga, registra o fato e dá atendimento ao cidadão vítima.
No Brasil, por uma
série de equívocos históricos e culturais, a polícia sempre esteve atrelada aos
poderosos de plantão, sendo usada como ferramenta da política. Graças a isso,
tornou-se ruim. O atendimento ao público ficou como algo secundário porque,
antigamente, quem mais procurava a delegacia era a vítima de crime de classe
social mais baixa já que a elite dificilmente precisava desse tipo de socorro.
O rico, quando tinha que ir a uma delegacia, já chegava com uma recomendação de
alguém e acabava tendo outra forma de atendimento.
Só que os tempos
mudaram e a polícia despertou para isso. Tanto que a questão não é só melhorar
o atendimento ao público mas apresentar outras opções para o cidadão. O
registro de um crime, que é algo extremamente importante, não pode ser tratado
de forma burocrática.
Por mais um equívoco do passado, pulverizaram as delegacias de polícia. Ora, a polícia que investiga não tem que ser pulverizada. Ela não tem que estar em cada esquina. Quem precisa estar pulverizada é a polícia que patrulha, a ostensiva. A polícia que investiga tem que estar mais concentrada, porque ela depende de uma coisa chamada “informação”.
As Centrais de Flagrante são um primeiro passo para mudar o conceito de atendimento ao público nas delegacias, separando as ocorrências mais complexas das mais simples.
Olhamos ainda para o fator humano. Os plantões deixaram de ser alternados para serem fixos, porque a pessoa que tem um plantão fixo tem um rendimento maior, sua saúde é mais respeitada.
Por mais um equívoco do passado, pulverizaram as delegacias de polícia. Ora, a polícia que investiga não tem que ser pulverizada. Ela não tem que estar em cada esquina. Quem precisa estar pulverizada é a polícia que patrulha, a ostensiva. A polícia que investiga tem que estar mais concentrada, porque ela depende de uma coisa chamada “informação”.
As Centrais de Flagrante são um primeiro passo para mudar o conceito de atendimento ao público nas delegacias, separando as ocorrências mais complexas das mais simples.
Olhamos ainda para o fator humano. Os plantões deixaram de ser alternados para serem fixos, porque a pessoa que tem um plantão fixo tem um rendimento maior, sua saúde é mais respeitada.
Portal da SSP: O trabalho
inicial no Decap foi em conjunto com a Delegacia Geral?
Marcos Carneiro: Sim,
o Dr. Toledo e sua equipe tiveram total liberdade para fazer as opções, mas as
linhas mestras foram traçadas em comum acordo porque todos nós já tínhamos qual
seria o foco do trabalho.
O importante a
ressaltar é que a visão inicial foi a de que, enquanto não melhorassem as
condições de trabalho do policial, não haveria como cobrar dele uma melhor
qualidade de trabalho.
Ampliamos a delegacia
eletrônica através do rol de crimes passíveis de serem registrados e
possibilitamos à Polícia Militar registrar determinados boletins de ocorrência.
Em setembro, será possível relatar o roubo de veículo.
Já estamos estudando
a possibilidade de que a Guarda Municipal receba ocorrências. Como envolve
Estado e Prefeitura, o estudo exige mais tempo.
Portal da SSP: Qual
seria a vantagem para o cidadão?
Marcos Carneiro: Ele
terá quatro opções para registrar uma ocorrência: a delegacia, a sua casa –
através da internet, o posto da PM e o da Guarda Municipal.
Dessa forma, a
população se sentirá motivada a informar um crime, o que diminui a chamada
subnotificação e dá uma ideia muito mais precisa para o Estado sobre como está
a criminalidade.
Portal da SSP:
Retomando o assunto do DECAP, o senhor se surpreendeu com os resultados rápidos
ou já os esperava?
Marcos Carneiro: Nós
acreditávamos que haveria um impacto porque não foi houve só uma mudança de
horário, mas de cultura.
Primeiro, tivemos que
melhorar o atendimento ao cidadão enquanto vítima para que não fosse vítima
duas vezes. Segundo, aprimoramos a possibilidade do registro da ocorrência e
passamos a certeza que a polícia iria investigar o caso.
O que nós queremos é
que cada delegacia de bairro investigue e prenda os criminosos da região.
Atualmente, elas têm quatro missões principais: investigar o roubo a
residência, o roubo ao comércio, o roubo de veículo e o furto de veículos. São
quatro crimes que a delegacia tem que combater e mostrar resultados.
Portal da SSP: Sobre
o Serviço de Atendimento ao Cidadão, os números se inverteram em relação a um
ano atrás. Hoje, há mais elogios que reclamações. Na sua opinião, isso reflete
uma maior confiança da população?
Marcos Carneiro: Eu acho que a população já começa a perceber que, para registrar uma ocorrência, o atendimento melhorou. Consequentemente, como haverá uma ampliação de canais para receber a comunicação do crime, a qualidade da investigação vai evoluir.
Portal da SSP: Soubemos que outros departamentos têm refletido essa mudança no Decap como, por exemplo, a Corregedoria, em que as queixas sobre atendimento ruim caíram cerca de 50%. É um bom sinal?
Marcos Carneiro: Eu acho que a população já começa a perceber que, para registrar uma ocorrência, o atendimento melhorou. Consequentemente, como haverá uma ampliação de canais para receber a comunicação do crime, a qualidade da investigação vai evoluir.
Portal da SSP: Soubemos que outros departamentos têm refletido essa mudança no Decap como, por exemplo, a Corregedoria, em que as queixas sobre atendimento ruim caíram cerca de 50%. É um bom sinal?
Marcos Carneiro:
Colegas têm comentado até da melhora na qualidade da investigação dos policiais
do Decap. Sobre a Corregedoria, existiam de fato várias reclamações sobre mau
atendimento e a tendência é essa, de reduzir. É uma evolução.
Portal da SSP: Mais duas Centrais de Flagrantes serão inauguradas na Capital. Pelo jeito, deu certo.
Portal da SSP: Mais duas Centrais de Flagrantes serão inauguradas na Capital. Pelo jeito, deu certo.
Marcos Carneiro:
Principalmente entre os policiais militares que são os que mais apresentam
ocorrências de flagrantes complexas.
Eles estão entendendo
que o sistema foi mudado em seu favor para que não ficassem horas na delegacia,
principalmente, disputando com outro cidadão que está lá para fazer outra
queixa.
O único porém que
ainda havia era o de que algumas Centrais ficavam muito longe dos locais dos
crimes. Com essa nova dinâmica que será feita e com os novos delegados, esse
problema estará contornado.
Quem ganha com tudo isso é a população pois o PM volta mais rápido para a rua para prosseguir no patrulhamento.
Quem ganha com tudo isso é a população pois o PM volta mais rápido para a rua para prosseguir no patrulhamento.
No Decap, uma experiência pioneira e que já é usual no mundo todo foi realizada para agilizar o flagrante: a constatação de drogas. Isso deu tão certo que será estendido para todo o estado. O kit de constatação ajuda a desafogar a perícia que ficava sufocada com tanto volume de trabalho. Primeiro, será no Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), depois no estado todo.
Portal da SSP: O
senhor está satisfeito com o que conseguiu até agora?
Marcos Carneiro: A primeira caminhada já foi realizada mas tudo isso é um processo constante. A sociedade é dinâmica e o crime é dinâmico, então temos que ter uma polícia dinâmica. E é isso que estamos tentando fazer.
Marcos Carneiro: A primeira caminhada já foi realizada mas tudo isso é um processo constante. A sociedade é dinâmica e o crime é dinâmico, então temos que ter uma polícia dinâmica. E é isso que estamos tentando fazer.
Mainary Nascimento,
com colaboração de Camila Lessa
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