Senado aprova multa de quase R$ 2 mil para
'racha'
Atual punição é de R$ 574,62;
reincidente será penalizado com o dobro do novo valor da multa
Ricardo Brito - Agência Estado
O plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira,
19, em votação simbólica, um projeto de lei que aumenta as punições para quem
dirigir perigosamente. A proposta prevê que o motorista que participar de um
"racha" será multado em R$ 1.915,40. Atualmente, pela tabela do
Conselho Nacional de Trânsito (Contran), essa punição é de R$ 574,62. Outra
inovação é que o motorista reincidente será penalizado com o dobro do valor da
multa, o que, no caso de rachas, custará ao condutor R$ 3.830,80.
A proposta eleva as infrações para os motoristas
que, além de disputarem corrida, façam manobras arriscadas em vias públicas,
forcem ultrapassagens ao jogar para o acostamento o carro que vem corretamente
pela mão oposta e realizem ultrapassagens arriscadas, como aquelas feitas em
intersecções e acostamentos. O texto reformula em parte o Código de Trânsito
Brasileiro de 1997.
O projeto em tramitação no Congresso desde
2007, contudo, terá de retornar à Câmara porque o Senado alterou o texto
aprovado em abril passado pelos deputados. O relator do projeto na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), reduziu algumas
multas propostas pelos deputados. Por exemplo, a punição por dar um
"cavalo de pau", que atualmente é de R$ 191,54, subiria para R$
766,16, segundo o texto aprovado pelos senadores. Os deputados, por exemplo,
propuseram que essa penalidade custasse R$ 1.915,40 ao bolso do motorista.
"Embora as condutas ora tratadas mereçam uma
reprimenda mais severa do que hoje prevê a lei, entendemos razoável fixar o
valor das multas em patamares não tão elevados quanto aos previstos no PLC
(projeto de lei da Câmara), até mesmo para se evitar o questionamento sobre a
constitucionalidade da norma por eventual desrespeito ao princípio da proporcionalidade",
afirmou Vital, em seu parecer.
Outro ponto controverso que foi retirado da
proposta aprovada pelo Senado refere-se às punições de natureza penal previstas
no projeto que veio da Câmara. O relator da CCJ transferiu para a Comissão
Especial do Código Penal as discussões sobre aumento de penas de prisão para
quem for flagrado dirigindo o carro em conduta indevida. Idêntica iniciativa
também vai ocorrer com o debate sobre a realização do exame toxicológico para
verificar se o motorista estava embriagado ou sob efeito de drogas lícitas e
ilícitas que comprometam sua capacidade de dirigir. "O cara não bebeu, mas
cheirou, está mais doido ainda; não bebeu, mas fumou, está mais doido ainda.
Exame toxicológico hoje é fácil, a tecnologia avançou", protestou no
plenário o senador Magno Malta (PR-ES), que queria colocar essa exigência já no
projeto aprovado pela Casa.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiou a
aprovação do projeto como forma de tentar reduzir as milhares de vítimas de
acidentes de trânsito no País todos os anos. "Creio que poucas coisas
indicam mais o atraso da civilização no Brasil como a maneira como tratamos o
trânsito. É injustificável que tenhamos mais mortos no trânsito do que quase
todas as guerras que estão acontecendo nos últimos anos", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário