domingo, 7 de outubro de 2012

Equoterapia da PM dá esperança e alegria aos pacientes


 
 Ao chegar ao Regimento de Policia Montada 9 de Julho, no bairro da Luz, o adolescente Guilherme Ueda Skuplik, o “Guille”, de 14 anos, não escondia a alegria para mais uma sessão de equoterapia.

Acompanhado de sua avó, Elizabete Ueda, de 65 anos, Guille estava eufórico, afinal, não era sempre que ela o acompanhava nas sessões. O garoto queria mostrar o que conseguia fazer em cima do cavalo. Pontualmente, às 14 horas, ele se preparou para montar no animal e começar os exercícios.
Com a ajuda de três instrutores, Guille começou a cavalgar entre os obstáculos distribuídos ao longo do picadeiro. A avó, que acompanhava tudo da área reservada aos pais, vibrava a cada barreira vencida.
“A equoterapia é uma coisa que ele gosta. Para o Guille, isso não é só uma terapia, ele gosta de interagir com o cavalo e com as voluntárias”, disse Elizabete.

Depois de meia hora de exercícios de equilíbrio e coordenação motora, Guille deixou o picadeiro e pediu para a avó algo que tinha guardado para o final: uma maçã. Com ajuda das voluntárias, o garoto caminhou até uma das baias onde ficam os cavalos e, sem demonstrar medo, alimentou o animal. E assim terminou a primeira sessão de equoterapia do dia.
O treinamento dos cavalos
Apesar da intimidade com os cavalos da equoterapia, existe uma coisa que o Guille ainda não sabe sobre os animais: como eles são preparados para esta função.

Os cinco cavalos exclusivos para a terapia já participaram do policiamento de rua e tiveram que cumprir um treinamento básico. Atualmente, uma égua de quatro anos está em fase de adaptação, ela é treinada e sai para a rua – cumprindo seis horas de trabalho. Por ser muito dócil, participa da equoterapia.

Os animais da equoterapia passam por um treinamento diferenciado, que os deixa aptos a praticarem a terapia. Todos os dias, os cavalos são montados, rodados, trabalham o passo e a marcha.
Para o coordenador, tenente Syllas Iadach, de 35 anos, a principal diferença no treinamento dos cavalos do policiamento dos da terapia está na sensibilidade.
“O cavalo de equoterapia tem que ser menos suscetível a uma mudança brusca porque o praticante pode bater o pé ou querer abraçar o animal. Já o cavalo treinado para o policiamento tem que ser muito mais sensível para responder aos comandos da condução das rédeas e dos pés do cavaleiro”, explica.

Além disso, outra diferença no treinamento é a forma de condução. Na equoterapia, o cavalo é levado por um instrutor – chamado de condutor, que pode estar à frente ou atrás; no policiamento, o cavaleiro monta no animal e o conduz.

“Essa diferença acontece porque 90% dos praticantes da equoterapia não conduzem o animal sozinho”, revela o tenente.
Guille

Guilherme Ueda Skuplik nasceu em julho de 1998 e até o sétimo mês de vida aparentava ser um garoto normal, mas depois de algum tempo seus pais perceberam que ele não falava e não se movimentava como as outras crianças, então, o levaram a vários médicos.
Em cada consultório que passavam, recebiam um diagnóstico diferente. Ao longo desse tempo, o garoto começou a fazer fisioterapia, hidroterapia, equoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiólogo e foi só quando Guille completou 11 anos, depois de um exame genético, que os médicos chegaram ao diagnóstico: ele tinha a Síndrome de Angelman.
Ficou explicado, depois disso, porque Guille tinha atraso do desenvolvimento motor e intelectual, ausência de fala, apesar da capacidade de compreensão, problemas de movimento e equilíbrio e pouca coordenação dos movimentos musculares voluntários ao andar.
Desde que começou o tratamento com a equoterapia da Polícia Militar, houve uma visível melhora no quadro do garoto.
“Antes do tratamento com a equoterapia da PM, ele não ficava nem de joelhos.
Depois de dois meses, o menino conseguiu o que em três anos de fisioterapia não tinha alcançado”, contou a avó.

A equoterapia da PM

Desde 1993, o Centro de Equoterapia da Polícia Militar paulista promove gratuitamente a terapia com cavalos e, atualmente, 32 crianças são beneficiadas pela iniciativa.
O trabalho é realizado com a ajuda de 35 voluntários que se dividem em duas equipes para atender as crianças nas tardes de segunda e terça-feira.
A equoterapia é oferecida para portadores de deficiências intelectual e motora, como crianças com paralisia cerebral, Síndrome de Dawn, autismos, além de síndromes mais raras.
Para mais informações sobre a equoterapia da PM é só entrar em contato com o telefone do Regimento de Polícia Montada 9 de Julho: (11) 3315-0003.

Gabriela Amaral
 

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