terça-feira, 6 de novembro de 2012

Maldade e drogas seriam as maiores causas da violência

LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*


De acordo com a Pesquisa Nacional, por amostragem domiciliar, sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violação dos direitos humanos e violência – 2010, para a maioria da população a maldade e o uso ou a venda de drogas são as principais causas da violência no Brasil.

Diante de uma lista de perfis e situações que poderiam gerar a violência, 62,6% dos entrevistados concordaram totalmente que seus maiores causadores são aqueles que vendem drogas e 63,8% que são aqueles que as usam. E, ainda, 57,7% dos entrevistados concordam totalmente que a violência é gerada pela maldade do agente.


De se notar que outros fatores (causas) abordados na pesquisa (apesar de muito relevantes) são praticamente ignorados pela população, como o universo em que o agente vive, a impossibilidade de sustentar a própria família e o ciúme como motivador do agente, num país onde o crime de roubo (patrimonial) é o segundo mais encarcerador e onde a violência contra a mulher é responsável pela morte de 11 mulheres por dia (Veja: Roubo faz parte do G9: aumento de 88% e Violência machista universal: 11 mulheres são assassinadas por dia no Brasil).

Para a opinião popular majoritária a violência restringe-se apenas ao universo daquele que é visto como maldoso.

Trata-se de uma visão conservadora e perigosa, que leva à legitimação dos mais perversos tipos de repressão e ao sacrifício de direitos e garantias fundamentais (Veja: O povo pede: pena de morte, prisão perpétua e trabalhos forçados e População abre mão de direitos e garantias fundamentais para facilitar as investigações policiais).

*LFG – Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Estou no www.professorlfg.com.br.

**Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada, Pós Graduanda em Direito Penal e Processual Penal e Pesquisadora do Instituto Avante Brasil.

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