Até o final de 2012, todas as delegacias especializadas e distritos policiais de Bauru deverão ficar concentrados em um prédio único. Esta é a expectativa do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 4 (Deinter-4), que, desde o início do ano passado, atua nos bastidores para fazer cumprir o projeto de reengenharia da Polícia Civil determinado pelo governo do Estado, por meio de sua Secretaria Segurança Pública. A reportagem é do Jornal da Cidade de Bauru.
Implantado como projeto-piloto em dez cidades do Deinter-9, com sede em Piracicaba, o plano deverá ser estendido para os outros oito departamentos no Interior, incluindo o da região de Bauru.
Segundo o diretor do Deinter-4, Benedito Antonio Valencise, o prédio onde a “supersede” da Polícia Civil ficará lotado ainda não foi definido. Mas ele adianta que a preferência é dada à região central, em local com bom acesso e ampla área de estacionamento, como é o caso de um dos imóveis que vem sendo cogitados, na quadra 23 da avenida Rodrigues Alves.
“O prédio terá de ser alugado, assim como é, hoje, a maioria dos prédios das delegacias de Bauru, com exceção do 1º Distrito Policial”, explica. Assim que o endereço ideal for encontrado, terá de passar por reforma e adequação para poder começar a funcionar. “E esperamos fazer tudo isso até o final do ano, no mais tardar”, revela.
A nova sede irá aglutinar a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), a Delegacia da Infância e Juventude (Diju), os quatro distritos policiais e o Plantão Permanente da Polícia Civil. A ideia é de que, juntas, as unidades possam funcionar de maneira multidisciplinar, mais ágil e racional, com menor custo e maior qualidade de atendimento à população.
Interligadas
“Pelas pesquisas que foram feitas, a presença das delegacias nos bairros não influi nas estatísticas de criminalidade. O importante, para a população, é que seu problema seja resolvido. E é isso que será proporcionado por esta centralização, a partir do compartilhamento interno dos trabalhos de inteligência”, esclarece.
O diretor do Deinter-4 analisa ainda que a união das unidades especializadas, como a DIG e a Dise, também terá efeito importante para combater o avanço dos crimes que têm como pano de fundo o tráfico de drogas. “Grande parte dos homicídios é motivada por dívidas com traficantes. Muitos furtos e roubos são praticados por usuários que trocam bens das vítimas por entorpecentes. Esta interligação nas investigações, hoje, praticamente não existe”, avalia.
Valencise não revelou o valor dos investimentos envolvidos na iniciativa e afirmou que os recursos só serão liberados quando o prédio apropriado for encontrado e o projeto de reforma for aprovado. Ele adianta, no entanto, que a Delegacia Seccional de Bauru continuará funcionando no mesmo endereço, na esquina entre as ruas Bandeirantes e Azarias Leite.
Já o novo prédio do Plantão Permanente da Polícia Civil, inaugurado há menos de dois anos, será desativado. Ele poderá ser transformado em depósito, estacionamento ou auditório. “Ainda vamos estudar o que será feito”, resume.
Na nova sede unificada, segundo o diretor, a população terá de esperar menos para registrar ocorrências no Plantão Policial, já que delegados de outras unidades poderão ser deslocados para o atendimento. “Se o delegado plantonista já estiver ocupado e um outro delegado estiver disponível, poderá ser designado para ajudar o colega a agilizar os trabalhos”, comenta.
Ele disse
“Queremos que o policial trate a cidade como um todo. Os quatro distritos, por exemplo, continuarão existindo, mas o policial deverá ter conhecimento do que ocorre nas outras unidades. E a proximidade física entre elas, neste caso, ajuda muito.”
Benedito Valencise,diretor do Deinter-4
Você sabia?
Criado em 2009 pelo governo estadual, o plano de reengenhariadeve pôr fim à fragmentação espacial das unidades da Polícia Civil, implantada na década de 1980 como forma de proporcionar sensação de segurança à população. A partir de agora, esta atribuição voltará a ficar sob responsabilidade maior da Polícia Militar (PM).
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Área da antiga cadeia é estudada como alternativa
A área da antiga cadeia pública de Bauru, situada na avenida Nações Unidas próximo ao Terminal Rodoviário, também poderá contemplar o projeto de unificação das delegacias. Como em setembro do ano passado o prédio voltou para a Polícia Civil – até então estava sob a responsabilidade da Superintendência da Polícia Técnico Científica -, no início do mês passado, a Delegacia Seccional deu início aos procedimentos de demolição.
O primeiro passo, explica o delegado seccional Marcos Mourão Buarraj, foi solicitar laudo pericial do imóvel. Embora o resultado oficial ainda não tenha sido enviado, sabe-se que a demolição será recomendada. No entanto, para que as paredes sejam derrubadas, o trabalho deverá ser solicitado, via Procuradoria do Estado, ao Conselho de Patrimônio Imobiliário.
Enquanto isso, explica Mourão, o prédio da antiga cadeia pública permanecerá lacrado para dificultar o acesso ao interior do imóvel. Segundo o JC divulgou, usuários de crack usariam o ponto. “A demolição, então, é uma segunda fase”, informa Mourão. Com o prédio no chão, a viabilidade da construção de um imóvel para contemplar a unificação das delegacias será estudada.
Modelo sustentável e padronização
Caso a condição seja positiva, o projeto terá de respeitar um modelo arquitetônico sustentável. O Departamento de Administração e Planejamento da Polícia Civil já criou um. O objetivo do projeto é a padronização das unidades policiais de todo o estado de São Paulo, melhorando a qualidade de trabalho e o atendimento à população.
A portaria da Delegacia Geral de Polícia a respeito do tema foi publicada nesta anteontem (31) no Diário Oficial do Estado. A delegacia conceito terá sua construção baseada na autossustentabilidade. Serão criados sistemas que possibilitam o reuso da água da chuva, a utilização da energia solar para economia no consumo de energia elétrica, a coleta seletiva de lixo e a acessibilidade aos portadores de deficiência física.
Fonte: Jornal da Cidade
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